Feijoada vegetal
Crescer no Ribatejo é aprender a cozinhar feijoada antes de saber estrelar um ovo…
…entre outras coisas, claro!
Fiz parte do Corpo Nacional de Escutas desde os 6 aos 22 anos e por não ter muito jeito para fazer nós ou força para ir à lenha, restavam-me as tarefas de cozinhar e ir às flores. Passados estes anos, pelos vistos, ainda se notam os efeitos dessas aprendizagens, mesmo que as visse como um martírio na altura.
É muito normal, quando reencontro antigos chefes, ouvi-los falar da nossa Patrulha Cão e logo logo mencionarem as nossas feijoadas! Era obrigatório em todos os acampamentos.
Mas a vida dá umas voltas e hoje algumas das minhas opções não são as tipicamente ribatejanas. Às vezes digo, em tom de brincadeira, que é proibido ser vegetariano no Ribatejo ou que se pedir algo com tofu em alguns restaurantes posso ser corrido de lá. E se por um lado isso se passa em alguns, por outro, aqui e ali vão surgindo alguns casos de pessoas que se preocupam e que querem apresentar a opção vegetariana. Deixo aqui o meu contributo, como exemplo de que é possível apresentarmos um prato saboroso, saudável e barato sem termos que deixar as pessoas com fome.
Feijoada não é carne, é feijão, e este está cheio de proteínas, por isso não fica a faltar nada nutricionalmente falando.
A minha feijoada foi muito fácil de fazer:
- Demolhei feijão branco e feijão azuki (era o que tinha em casa! usem os que preferirem) durante 10h e cozi sem qualquer tempero na panela de pressão.
- Salteei em azeite couve flor, cebola roxa e alho.
- Reguei com molho de soja (o sal da receita vem daqui!)
- Juntei cogumelos frescos.
- Adicionei um pouco de vinho tinto.
- Bebi um copo de vinho tinto.
- Depois de ferver e deixar evaporar o álcool, temperei com bastante açafrão-das-índias, pimenta preta, cominhos e um mix de ervas aromáticas.
- Juntei o feijão cozido.
- Servi com arroz basmati integral e aquele vinho com que ajudei a guisar (diz que vai buscar os sabores).
- Deliciei toda a gente que provou!
Não leva toucinho, nem chouriço de espécie alguma, nem vestígios de carne de porco como aquelas que fazia nos escuteiros. Para quem tem uma relação emocional com a feijoada como eu tenho, pode ir buscar os sabores às ervas aromáticas e até pôr um pouco de picante no prato. Comigo resulta em parte, porque nunca vou buscar a textura da carne. Aí, penso nos benefícios em termos de saúde e sustentabilidade ambiental que estão perfeitamente acima da minha simples vontade de comer carne e tudo se resolve e posso fruir da minha refeição com prazer.
Para saber mais: