Feijoada vegetal

Feijoada vegetal

21 Março, 2017 by Gustavo Faria0
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Crescer no Ribatejo é aprender a cozinhar feijoada antes de saber estrelar um ovo…

…entre outras coisas, claro!

Fiz parte do Corpo Nacional de Escutas desde os 6 aos 22 anos e por não ter muito jeito para fazer nós ou força para ir à lenha, restavam-me as tarefas de cozinhar e ir às flores. Passados estes anos, pelos vistos, ainda se notam os efeitos dessas aprendizagens, mesmo que as visse como um martírio na altura.

É muito normal, quando reencontro antigos chefes, ouvi-los falar da nossa Patrulha Cão e logo logo mencionarem as nossas feijoadas! Era obrigatório em todos os acampamentos.

Mas a vida dá umas voltas e hoje algumas das minhas opções não são as tipicamente ribatejanas. Às vezes digo, em tom de brincadeira, que é proibido ser vegetariano no Ribatejo ou que se pedir algo com tofu em alguns restaurantes posso ser corrido de lá. E se por um lado isso se passa em alguns, por outro, aqui e ali vão surgindo alguns casos de pessoas que se preocupam e que querem apresentar a opção vegetariana. Deixo aqui o meu contributo, como exemplo de que é possível apresentarmos um prato saboroso, saudável e barato sem termos que deixar as pessoas com fome.

Feijoada não é carne, é feijão, e este está cheio de proteínas, por isso não fica a faltar nada nutricionalmente falando.

A minha feijoada foi muito fácil de fazer:

  1. Demolhei feijão branco e feijão azuki (era o que tinha em casa! usem os que preferirem) durante 10h e cozi sem qualquer tempero na panela de pressão.
  2. Salteei em azeite couve flor, cebola roxa e alho.
  3. Reguei com molho de soja (o sal da receita vem daqui!)
  4. Juntei cogumelos frescos.
  5. Adicionei um pouco de vinho tinto.
  6. Bebi um copo de vinho tinto.
  7. Depois de ferver e deixar evaporar o álcool, temperei com bastante açafrão-das-índias, pimenta preta, cominhos e um mix de ervas aromáticas.
  8. Juntei o feijão cozido.
  9. Servi com arroz basmati integral e aquele vinho com que ajudei a guisar (diz que vai buscar os sabores).
  10. Deliciei toda a gente que provou!

Não leva toucinho, nem chouriço de espécie alguma, nem vestígios de carne de porco como aquelas que fazia nos escuteiros. Para quem tem uma relação emocional com a feijoada como eu tenho, pode ir buscar os sabores às ervas aromáticas e até pôr um pouco de picante no prato. Comigo resulta em parte, porque nunca vou buscar a textura da carne. Aí, penso nos benefícios em termos de saúde e sustentabilidade ambiental que estão perfeitamente acima da minha simples vontade de comer carne e tudo se resolve e posso fruir da minha refeição com prazer.

 

 

 

Para saber mais:

 

Quando se defende tanto a proteína animal e a falta que faz na alimentação humana, podia pensar-se também na quantidade de gordura que se ingere na carne e que, na minha opinião e no caso que apresento, é o que nos fará pior numa feijoada. (Clicando na foto, têm acesso a toda a informação nutricional dos alimentos na base de dados do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge.)

 


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